Fui com amigos no Piselli do Iguatemi.
Rimos muito, da vida e o mundo.
Ao sair, de cara com o
Marcelo Rubens Paiva, o escritor.
Cara, eu disse, sou amigo do Álvaro Tucunduva!
Não acredito! Ele continua na UNICAMP?
Acho que sim. Ele foi personagem de seu livro famoso, que eu nunca li, o Feliz Ano Velho, onde você sofre aquele acidente de verdade, não é?
Isso mesmo! Mande um abraço pro Tucun quando o encontrar.
Mando sim. Gosto de você, apesar de ser do PT.
Sou não. Sou comunista mesmo, ele respondeu.
Sai pensando no comunismo, divisão igualitária da miséria e ignorância, em Budapest, depois da saída dos nazistas, e nos esquerdistas russos, a invadir e tomar as casas das pessoas, muitos judeus, aqueles soldados ignorantes e violentos, piores que os alemães, que os humilharam e destruíram.
Lembrei-da amiga húngara, a Vitória, testemunha desses fatos, ainda menina, vencendo o sofrimento e o preconceito, depois veio para o Brasil em 47, para construir nova vida e futuro.
Não deu pra entender as razões do Marcelo. Talvez o pai assassinado pela ditadura militar, ou a lavagem cerebral nas USPs da vida daqueles longínquos setentas.
Não sei. Vou tentar entender, se conseguir.